Ontem assisti a um documentário sobre o 11 de setembro, contando a trajetória de dois grupos de pessoas de diferentes escritórios, um em cada torre, que escaparam com vida, mesmo estando nos andares acima com os quais os aviões colidiram.
(As imagens de toda a tragédia, continuam sendo as mais fantásticas que eu já vi, melhor do que qualquer coisa já feita, enfim, não me canso de ver).
De qualquer forma, o importante é que no final do documentário, mostraram a esposa do Harry, um dos caras que morreu no atentado e que trabalhava num dos escritórios mostrados. Ele foi o único que não sobreviveu, num escritório de 13 pessoas.
A viúva relatava, com lágrimas nos olhos, que me balançaram, como todo bom drama final que se preze, como o cara era maravilhoso, como o casamento deles era perfeito, que todos gostavam dele e etc. Eles tinham sido casados por 16 anos, e ela comentou que sempre se perguntava pq tinha demorado tanto pra engravidar, e que depois da morte dele ela compreendeu tudo: Deus tinha demorado 10 anos pra fazer com que ela engravidasse, pq queria que eles aproveitassem o casamento deles ao máximo. Ou seja, ela achava que Deus sabia que ele sairía da vida dela cedo, e deu esse tempinho a sós pros dois.
Sem tocar no mérito de deus, e destino e tal, a frase que ficou, foi que ao final, ela diz "And I'll never find another Harry", e isso me fez derramar umas lagriminhas. Deve ser horrível perder alguém assim, óbvio, milhares de pessoas já experimentaram isso, de perder sem brigas, de separar não pq se quis exatamente, mas nunca tinha pensado nisso tanto assim.
Eu fiquei olhando pra viúva e pensei que talvez ela já deva até ter casado novamente, ela era nova, relativamente bonita, ao estilo americano, e em toda essa loucura de amar demais uma pessoa e se permitir achar outra.
Quando eu tinha mais ou menos cinco anos, lembro de ter elaborado um raciocínio ao me dar conta que meu vó tinha casado de novo, depois que a minha vó morreu. Como podia o meu vó ter se casado de novo? Será que ele tinha se enganado em relação a minha vó? Na minha humilde cabecinha existiam almas gêmeas e casamentos só se davam por amor. Pra mim, ele devia ter continuado solteiro pra sempre, foi como descobrir que não existia papai-noel.
Hoje, claro que podem haver alguns resquícios esperançosos desses pensamentos, mas claro que já sei na pele e na teoria que dá pra amar e amar e ter várias lembranças boas acumuladas.
Talvez mais, talvez menos, estamos aí, e que seja o que for pra doer menos.
E tomara que a moça, se ainda não o-fez, ache outro Harry pra ela, pq me deixou muito triste, vê-la tão triste. Visto daquela ótica o problema dela realmente não tem solução, a não ser que ela se permita achar outros Harrys, o que deve ser foda.
A minha perspectiva é de amar umas 5 ou 6 vezes nessa vida, amor homem e mulher, paixão mesmo, de verdade (falo homem e mulher pq sou hetero), não que eu saiba o que exatamente é de verdade, mas os que a gente não esquece, pq foram bons ou acrescentaram algo, trazem sensações boas quando se lembra. E que seja esse o critério então.